
Por Eduardo Ferreira e Marcelo Alonso
Foto Josh Hedges
No próximo sábado, Lyoto Machida e Maurício Shogun farão a revanche mais aguardada dos últimos tempos. Enquanto o carateca busca a vitória na segunda vitória em defesas de cinturão, o curitibano quer lavar a alma e se tornar campeão do UFC. Enquanto não chega a hora da disputa, a TATAME relembra um Mano a Mano exclusivo, publicado pela Revista TATAME em 2009.
LYOTO PERGUNTA A SHOGUN:
Como você encarou as críticas na vitória sobre o Coleman?
Na verdade, sempre vejo as críticas como uma coisa para superar, treinar e correr atrás do prejuízo. Sei que meus fãs às vezes pegam pesado, mas eles falam isso para o meu bem. Uma galera falava do Coleman, que ele ia ganhar de mim e não sei o que. Depois que ganhei, eu que lutei mal, mas está tranqüilo. Só quero ver se o cara que lutar com o Coleman agora o nocauteia rapidinho. Vejo a crítica como uma iniciativa, como um incentivo a mais. Se eu puder filtrá-las bem, tranquilo. Tanto é que deu tudo certo. Gosto que as pessoas falem coisas para o meu bem, não adianta falar que está tudo bem quando não está.
Como você se recuperou em tão pouco tempo para poder vencer o Liddell?
As pessoas dizem que eu estava preparado contra o Liddell. Eu estava preparado contra o Liddell e contra o Coleman, me sentia assim, igual, preparado contra os dois. Porém, quando lutei com o Coleman, eu estava há um ano e meio sem lutar e estava sem noção do espaço do octagon, porque nunca tinha entrado em um espaço do tamanho do octagon oficial, então senti isso. Acho até que é a mesma coisa de você jogar futebol de salão a vida inteira e de repente jogar no campo, dá uma diferença tremenda. Então, quando lutei com o Liddell, dei muita ênfase a isso, a treinar no espaço real da luta. Acho que o que aconteceu nesta luta é que estava melhor adaptado às condições do Ultimate do que estava nas outras duas lutas.
Como você fez a preparação para a luta contra o Chuck Liddell?
A preparação foi muito boa, os treinamentos foram feitos em São Paulo, treinei muito Boxe, porque ele é um cara forte nessa modalidade. Fui treinar em São Paulo porque lá tem os melhores treinadores de Boxe, São Paulo é muito forte no Boxe, então eu treinei com o Julio Barros, com o professor Lucas Fontes, por isso fiquei entre Curitiba e São Paulo.
O Chuck é um cara que tem muito nome nos EUA, existe um glamour muito grande em torno dele. Qual foi a pressão que você sentiu nessa luta?
Na verdade, toda luta sentimos a pressão porque somos atletas e temos a responsabilidade de vencer todas as lutas, mas eu me concentrei para isso não pesar. A minha grande pressão era mostrar o meu valor ao público, essa era a minha grande pressão, não do atleta, mas em mim mesmo.
Quando você estava se recuperando da cirurgia o que pensava, estava muito ansioso para voltar logo? Como você se sentia nessa época que estava com o joelho machucado?
Para nós é muito ruim, pois estamos sempre acostumados a treinar o dia inteiro e quando a gente fica parado um tempo, fica louco, fiquei fazendo bastante fisioterapia e pensando na volta, pois, para eu dar a volta por cima, só dependeria de mim e de mais ninguém e graças a Deus eu consegui me recuperar bem e hoje estou zerado.
Como você se sente após a saída da Chute Boxe, onde você tinha uma rotina de treinamento com galera e agora tem a própria equipe?
Quando eu saí, estranhei um pouco a diferença, porque na Chute Boxe nós tínhamos uma rotina, todos os treinamentos com horário. Hoje, tenho a oportunidade de escolher os meus professores em todas as áreas, seja no Boxe, Muay Thai, Jiu-Jitsu e Wrestling e tirar de cada um o que ele tem de melhor, acho que isso fez a diferença e estou muito bem estruturado.
O que você lembra dos meus treinos na Chute Boxe?
Lembro que fizemos mais a parte de Boxe e um pouco de treinamento por baixo, eu com luva de Boxe trabalhando no ground and pound. Não chegamos a fazer sparring, mas no Boxe que treinamos, lembro que você esperava o cara atacar para entrar com o direto. O seu chão é meio ofensivo, treinamos pouco, mas vi que você tem um chão bom também.
SHOGUN PERGUNTA A LYOTO:
Estive em Belém há pouco tempo e vi que você é um cara muito popular e bem quisto na cidade. Como foi a repercussão da conquista desse cinturão aí em Belém?
Realmente muita gente me falou que a cidade parou e eu fui muito bem recebido aqui, tanto pelo povo quanto pelos representantes, os políticos, o prefeito, a governadora, que veio encontrar comigo... Teve uma grande divulgação de tudo isso, foi a primeira vez que o Pará conseguiu um título. Eu procuro retribuir isso para cada fã que eu encontro, com abraços, autógrafos, um sorriso, ou até mesmo algumas palavras, e fico muito feliz de ser bem visto aqui na cidade, porque a gente quer passar a imagem de um esporte saudável, para que logo, muita gente se encante com tudo isso. Infelizmente, muitos ainda enxergam isso como uma coisa muito violenta e nós lutadores estamos aí para provar que não é assim, tem toda uma regra, pessoas preparadas estão ali em cima, é um esporte para entreter o publico.
É verdade que você toma urina de manhã? Por quê?
Eu faço isso porque é um costume do meu pai, é uma tradição da nossa família, o meu avô fazia isso também e meu pai explicou para gente que na época da guerra existia toda aquela falta de remédios e apoio, e um general do Japão, quando o país estava mal na época da guerra, não tinha nada e a única coisa que ele indicou foi a urina e muitas pessoas que tinham doenças como sífilis, gonorréia e doenças de pele, conseguiram ir melhorando com o decorrer do tempo, depois de dois, três meses usando, eles começaram a se curar daquilo tudo. Eu já vi pessoas com diabetes que tiveram uma grande melhora no índice glicêmico no sangue, então eu acredito nisso e faço isso diariamente e, principalmente, quando eu vou lutar, não que eu não vá ficar doente, não é isso, mas acho mais difícil, porque acredito que a urina libera vários hormônios como GH e hormônios que só são liberados durante o sono e eu tiro proveito disso, fatalmente, então quando a gente faz uma refiltragem, nós conseguimos absorver um pouco mais, talvez a teoria esteja em cima disso. Meu pai toma a urina dele no avião e diz que não sente fuso horário, está sempre bem, não tem problemas de estômago, nem nada. A primeira urina é usada para limpar a uretra e é a mais importante, onde você aproveita tudo isso.
Em relação ao Rashad, um cara muito duro, como você trabalhou para conseguir uma vitória tão impressionante?
A minha equipe é muito bem estruturada, apesar de não ter uma estrutura física muito boa, mas em termos de técnica e material humano para treinar, nós temos bastantes pessoas aqui, então isso tudo me ajudou bastante na luta contra o Rashad. O ponto fundamental foi a estratégia que a gente botou em cima da luta, nós conseguimos fazer com que ele entrasse no nosso jogo, o que foi determinante para sair com a vitória.
O Dana White quer fazer um evento no Brasil, você gostaria de participar? Qual seria o seu card dos sonhos para os brasileiros?
Wanderlei contra Belfort, Minotauro contra Brock Lesnar, eu contra o Quinton Jackson, Shogun contra o Forrest, Anderson contra o Fedor e, com o GSP subindo de peso, enfrentaria o Demian Maia.
Tem feito aulas de inglês?
Tenho feito, tem época que intensifico mais e outra que alivio um pouco. Estudo sozinho, às vezes, mas sempre levo o livro para estudar. Acho super importante para o meu desempenho lá, não só dentro como fora do octagon, porque às vezes você tem que dar entrevista. Quando acaba a luta você quer passar uma mensagem importante para o público, falar algo além de ‘obrigado’, o pessoal tem que ver quem você é, então é através da língua que a gente se comunica mais fácil. Deixei de participar do último TUF (reality show do UFC) por causa do meu inglês, que ainda está engatinhando, então preciso ter uma melhora boa para ter a oportunidade de participar do The Ultimate Fighter.
Gosta de futebol? Para qual time você torce?
Gosto muito, adoro jogar, mas não jogo por causa da minha profissão. Torço pelo Paysandu mesmo, que é o time daqui. Mas é melhor colocar seleção brasileira, para não me ligarem a uma torcida.
A culinária de Belém é uma das melhores do mundo. Você se preocupa com dieta ou é que nem eu, que come de tudo (risos)?
Me preocupo muito com isso. A Fabíola, minha esposa, cuida dessa parte. Ela tira gordura, tira açúcar. A alimentação é sempre essa. Quando está longe de luta sempre tem um ou dois dias que a gente sai da dieta, eu até como um sanduíche um dia, ou tomo sorvete, como um doce, mas normalmente é bem regrada. Perto de luta, não.
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