Discutindo a violência nos esportes de luta: a responsabilidade do professor de educação física na busca de novos significados para o uso das lutas como conteúdo pedagógico
Edmundo de Drummond Alves Junior
Universidade Federal Fluminense - Doutor em Educação Física
Sem que isto seja exclusividade, em geral a origem das lutas surge como uma forma de autodefesa visando a resolução de situações conflituosas. Pensar nas lutas pelo aspecto lúdico como educacional e ritualístico são possibilidades bastante concretas. Sua esportivização veio a ocorrer como resultado do ‘processo civilizatório’ (ELIAS, 1992), na medida que regras cada vez mais estritas foram sendo elaboradas com o objetivo de controlar a violência, regular nossa excitação, diminuindo os riscos de possíveis acidentes no que vem a ser este novo fenômeno social moderno que são os esportes. Num sentido inverso vemos nos últimos anos no Brasil e em países como Estados Unidos e Japão, um processo que poderíamos chamar de ‘anti-civilizatório’, na medida que surge com bastante força uma atividade de combate corporal, que se assemelha ao antigo ‘Pancrace’, onde um mínimo de regras é utilizado. O seu ponto culminante é expresso em encontros em que lutadores profissionais se enfrentam, o que de certa forma pode ser observado como sendo os “novos gladiadores dos tempos atuais”. Em diversas partes do mundo estes combates são bastante midiatizados, e recentemente verificamos em um jornal de grande circulação e que não se apresenta como sensacionalista uma reportagem bastante ilustrativa (CAPRIGLIONE, 2006, p. 1). Multidões se dirigem às ‘arenas’ para vibrar com os socos e pontapés e quanto mais sofrimento alguém impõe ao outro mais excitada fica a platéia que muitas vezes, de tão contagiada pela violência dos combates, reproduz o que está ocorrendo no ringue para uma verdadeira batalha entre os diversos espectadores que foram ao local para apreciar as lutas.
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